quarta-feira, 31 de março de 2010

Quem "título" somos?

É necessário dizer antes de continuar escrevendo que, os eventos que serão aqui citados terão os nomes verdadeiros dos indivíduos participantes ocultados, com exceção do meu, é claro.

Estava eu em mais um dia comum da minha querida vida quando em um determinado lugar onde freqüento diariamente a pessoa responsável pela administração do local veio me narrar um ocorrido, onde um funcionário, acidentalmente, quase machuca uma pessoa. Certo, episódio narrado, tudo nos conformes, de volta as atividades. Isso, se não fosse a observação feita pela pessoa em seguida a sua explanação do ocorrido. "Fulado de tal quase machucou fulana que tem uma profissão importante e é irmã de fulano que ocupa um importante cargo público!" Acho que vocês entenderam a frase né? Eu como não deixo passar em branco esse tipo de coisa, disse na lata: “É, mas independente dessa fulana ser irmã de quem quer que seja, seria tão grave o acidente dela quanto se tivesse sido com um gari ou com presidente da república”.

Isso me levou a refletir que tipo de gente nos tornamos com o passar do tempo. Nós brasileiros estamos acostumados a sermos “títulos” e “parentescos”, e não sermos nós mesmos. Deixamos de ser nossa personalidade, nosso eu, e passamos a ser nossos empregos, cargos e nosso grau de parentesco. Ridículo! E não adianta dizermos o contrário porque em algum momento de nossas vidas utilizamos alguma dessas duas coisas (títulos e parentesco) para conseguirmos algo, para pressionar alguém ou simplesmente para contar vantagem. É o bom e velho espírito brasileiro! Ou será que alguém nunca viu um sujeito bem vestido ou um funcionário de alto cargo ser melhor atendido em algum lugar enquanto um velho, um oficce boy ou um cidadão mal trajado eram simplesmente deixados de lado? Ou quem sabe nós mesmos já cometemos esse erro um dia. Tratamos melhor determinada pessoa só porque ela ostentava algo que para a sociedade é de grande importância ou valor.

Isso nos ultraja como seres humanos, como cidadãos. Nos deixamos levar pelas malditas aparências e pelo poder que as pessoas possuem, e aí, nos deixamos ser oprimidos e nos tornamos meros capachos humanos. Afinal, só é oprimido quem se deixa oprimir, só se torna menos digno quem não briga por sua dignidade.
Me pergunto porque não mudamos nossa atitude babaca. E a resposta para isso é simples: ser brasileiro é sempre dar um jeitinho, é sempre depender de um favor de alguém mais poderoso, é sempre abaixar a cabeça pra alguém que dizem ser superior a você. E para isso tudo eu só digo uma coisa: que se dane! Não sou um título, não sou um cargo, não sou meu parentesco! Se alguém quiser saber quem eu sou, muito prazer, sou Jackson Nascimento Oliveira. Me orgulho de ser eu mesmo e não precisar ostentar títulos para que as pessoas lembrem quem eu sou. Se querem lembrar de mim, lembrem pelo meu caráter, minha moral e minha atitude enquanto ser humano.

3 comentários:

  1. "Se querem lembrar de mim, lembrem pelo meu caráter, minha moral e minha atitude enquanto ser humano."
    Isso é o mais importante.

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  2. "Deixamos de ser nossa personalidade, nosso eu, e passamos a ser nossos empregos, cargos e nosso grau de parentesco."


    Isso é inerente ao ser humano em sua relação de sociabilidade. A questão só é agravante porque o ser humano está impregnado pela inebriante que o status/poder causar!É o efeito viciante do maior sobrepujando/subjugando o "menor",o "mais fraco"!E quem nao gosta de se sentir mais,melhor ou como costuma dizer a sabedoria popular, "por cima da carne seca"?
    O que não torna a pratica citada por Jackson algo mais digno!^^
    Prometi não fazer comentários extensos...logo...

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  3. A questão só é agravante porque o ser humano está impregnado pela inebriante sensação* que o status/poder causa!***

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